Pastor consegue trégua entre gangues nos EUA: "Saí das quatro paredes"
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Publicado em 05/08/2016

Quando um bebê de seis meses de idade, foi baleado e morto, devido à violência gerada pela guerra entre gangues no bairro de Woodlawn, em Chicago (EUA), há três anos, o pastor Corey Brooks e sua Igreja 'New Beginnings' (Novos Começos) ministraram à família de luto. Em junho deste ano, no entanto, quando uma outra criança foi baleada - ficando desta vez, paralítica - em um tiroteio semelhante no Dia dos Pais (junho), Brooks decidiu ir mais longe, convidando mais de 100 membros de gangues para um encontro, no qual ele pudesse intermediar uma trégua, que ainda hoje se mantém estabilizada.

Brooks conversou recentemente com o editor da revista 'Christianity Today', Morgan Lee sobre como ele construiu seu relacionamento com membros de gangues, sua reputação na vizinhança, e como ele espera que outras igrejas de Chicago venham a apoiar o seu trabalho.

Apesar do pastor Corey ter visto a oportunidade - e também a urgência - de colocar esta iniciativa em prática, ele afirmou que já vinha tentando mediar essa trégua há mais tempo.

"Nós temos falado sobre isso há mais de um ano. Tivemos dificuldades em conseguir que todos concordassem. Finalmente, conseguimos reunir todos para virem e, pelo menos, discutirem a possibilidade de uma trégua", relatou.


Abordagem
O conteúdo do encontro e a abordagem do pastor foram diretas e sinceras com os membros de cada gangue.

"Falei sobre a dor que todo mundo já experimentou como resultado daqueles tiros. Muitas pessoas ali já tinham sido baleadas, e se alguns deles ainda não tinham sido, pelo menos seus parentes ou amigos muito próximos já haviam sido baleados. Eles conhecem muito bem a dor e o impacto disso sobre a família e amigos", disse.

"Em segundo lugar, eu falei sobre a grande necessidade que temos de ter uma comunidade, na qual as crianças são livres para sair e jogar. Muitos deles têm filhos que ainda são muito jovens".

O pastor também argumentou com relação à dificuldade de que jovens da região consigam emprego, devido ao ambiente hostil, criado pela guerra de gangues.

"A terceira coisa que eu tentei comunicar é que é muito difícil que as empresas se instalem e contratem novos funcionários, quando os indivíduos estão tentando controlar uma área", explicou.

A dor das famílias que perderam pessoas em razão dos conflitos entre gangues foi um dos principais argumentos usados pelo pastor, no pedido de trégua entre os grupos. (Foto: NY Times)


Segurança

Sabendo que ali estavam reunidos mais de 100 membros de gangues diferentes, não havia como negar a existência de um clima tenso na reunião. Porém o pastor Brooks disse que se preparou para aquele momento com muita oração.

"Isso foi difícil. Precisou de muita oração. A reunião começou realmente tensa, porque essas pessoas realmente nunca tinham se reunido em uma sala. Eles sempre viram uns aos outros como inimigos. Conseguir ficara cara a cara, sentar e conversar foi ainda mais difícil", confessou.

"Mas eu abri com uma oração e defini 'as regras do jogo', mantendo todos responsáveis. Assim eu consegui manter o controle da reunião e comunicar em um nível, sem intimidações e ameaças".


Igreja fora das quatro paredes
Corey Brooks afirmou que era o único líder cristão na ocasião e aceitou se colocar em uma posição vulnerável para resolver aquela situação grave.

"Eu acho que muitos de caras me respeitaram por eu não chamar a polícia e também por eu não ter mais ninguém 'do meu grupo' comigo naquela sala. Eu estava disposto a ficar aberto e vulnerável, a trazer-lhes uma mensagem muito convincente sobre por que eles são necessários na comunidade e por que precisamos deles para intensificar o combate à violência", disse.

Quando questionado sobre como conseguiu construir um relacionamento com aqueles membros de gangues, o pastor Brooks explicou que decidiu 'sair das quatro paredes'.

"Consegui [construir um relacionamento com eles] por não ser uma igreja que está dentro de quatro paredes, mas por ser uma igreja que está envolvida na comunidade, que está sempre chegando e sempre tentando formar caminhos, construir pontes para pessoas que normalmente seriam não seriam consideradas como sendo parte da Igreja. Estamos sempre tentando alcançar aqueles que estão à margem da sociedade", lembrou.

"Temos uma organização sem fins lucrativos, por exemplo, chamada 'Projeto Hood'. Nosso objetivo é lutar contra a violência armada em nosso bairro, por meio de esforços econômicos, sociais e espirituais. Temos também programas de verão. Nós investimos bastante na orientação e também buscamos proporcionar aos jovens, mentores positivos", finalizou.

Fonte:Guiame

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