O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs, nesta quinta-feira, que a população cesse a aquisição de alimentos com preços elevados como uma estratégia para pressionar pela redução dos custos desses produtos. O aumento dos preços dos alimentos tem sido uma das pedras no sapato do governo petista. No entanto, até o presente momento, o governo federal não anunciou nenhuma medida concreta para controlar essa elevação — apesar de estar avaliando algumas propostas, como a diminuição da taxa de importação de determinados itens.
Lula também sustentou que os comerciantes não devem elevar os preços dos produtos em virtude do crescimento da massa salarial e do salário mínimo. Ele declarou: "Uma das questões mais essenciais para que possamos regular o preço é a própria população. Se você visitar o supermercado e suspeitar que determinado produto está caro, você não o adquire. Se todos compartilharem dessa percepção e não comprarem aquilo que consideram caro, quem vende terá que reduzir os preços para efetivar as vendas, ou então ficará com o produto encalhado", conforme expressou em entrevista a rádios da Bahia.
Para o Presidente, optar por não adquirir produtos considerados caros é uma manifestação da "sabedoria do ser humano". O petista também enfatizou que os brasileiros não devem ser "explorados".
“As pessoas não podem tirar proveito porque o povo está comprando. A pessoa sabe que a massa salarial cresceu, então aumenta o preço, sabe que o salário mínimo aumentou, então aumenta o preço. Não. É preciso que se tenha responsabilidade, em todos os setores da cadeia produtiva. Ninguém pode explorar ninguém”, declarou.
O setor de alimentos e bebidas foi responsável por aproximadamente um terço do aumento da inflação no ano de 2024, conforme indicado pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os custos dos alimentos apresentaram um acréscimo de 7,69%, enquanto a inflação geral experimentou um crescimento de 4,83%. O aumento no preço da carne foi particularmente notável, alcançando 20,84%, o que representa a elevação mais significativa desde 2019.
Adiciona-se a esse contexto as chuvas excessivas em diversas regiões produtoras no início do ano, que impactaram a disponibilidade de hortifrutigranjeiros, além do aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis, juntamente com o reajuste no preço do diesel. Esses fatores exercem uma pressionante influência sobre a inflação.
As expectativas do mercado financeiro em relação ao encerramento do IPCA em 2025 têm apresentado uma trajetória ascendente nas últimas 16 semanas, atingindo a marca de 5,51%, conforme reportado no último boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Banco Central (BC). Antes do início dessa série de revisões para cima, que se iniciou em outubro, a previsão encontrava-se abaixo de 4%.