O ministro da Economia, Paulo Guedes, questionou os deputados durante audiência pública nesta quarta-feira (3), na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados. "Vocês perguntam por que não cortei a aposentadoria dos militares. Cortem vocês. Não são vocês os deputados?" disse Guedes após um bate-boca com parlamentares da oposição.
"Estamos há três meses no governo. Vocês (da oposição) estiveram há 18 anos no poder. A eleição acabou há três meses. Não podemos transformar isso em uma batalha", pediu o ministro após embate.
Na defesa do fim dos privilégios com a reforma da Previdência apresentada pelo governo, o ministro disse que o Legislativo tem aposentadoria 20 vezes superior em média à do INSS. Guedes destacou que a aposentadoria média dos parlamentares é de R$ 28 mil, enquanto a dos trabalhadores que recebem pelo INSS é de R$ 1,4 mil.
O ministro disse que o "encargo trabalhista é muito pesado" e prometeu a desoneração da folha de pagamentos das empresas destes encargos. "Não vamos deixar à deriva. Vamos trocar de base de tributação", disse.
Ele afirmou ainda que tem coisas boas a fazer e apelou para que não haja brigas. Defendeu foco nas crianças de zero a sete anos. "Podemos fazer coisas boa em vez de levar essa briga", defendeu, se referindo às discussões durante a audiência.
Guedes disse também que o presidente da República, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) são os atores principais da reforma e que ele tem um papel "pequenininho". "Se a reforma for forte, é possível pensar em um futuro melhor para os filhos. Se for fraca, daqui a três anos vocês estarão aqui de novo discutindo, eu não. Três anos não, quatro, não vou falar três porque senão os senhores falam que estou saindo do governo. Acabou o mandato não estarei aqui de novo", completou.
O ministro falou ainda que, se houver pontos inconstitucionais na proposta de reforma da Previdência, caberá ao Congresso corrigir, assim como mudanças na proposta em relação à aposentadoria rural e ao Benefício de Prestação Continuada. "Se for a vontade do Congresso, deve ser feito, estamos preparados para o resultado", afirmou.
Questionado por deputados sobre falar a verdade, Guedes rebateu. "A verdade é relativa, nossa verdade é mostrar números. Não adianta fugir da verdade, temos um problema sério e distribuímos a conta de forma desigual para não tirar dos pobres."
Depois do bate-boca, Guedes agradeceu e disse que gostaria que não ficasse "nada pessoal". Com mais de quatro horas de sessão, Guedes pediu uma pausa para ir ao banheiro. A sessão foi suspensa e Guedes foi cumprimentado pelo líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), com quem havia discutido antes, e foi orientado por parlamentares da base antes da audiência ser retomada, minutos depois.
'Baixem os ânimos'
O presidente da CCJ da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), voltou a pedir que os deputados "baixem os ânimos". "Vou exigir respeito de todos para que não haja bate-boca" afirmou. Francischini fez o apelo depois que deputados da base criticaram a oposição por atacar o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Matéria: Estadão e R7