Retirada de R$ 75 mi da segurança abala qualidade, dizem especialistas
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Publicado em 03/12/2018

decisão do governo do Estado de São Paulo de retirar R$ 75 milhões da segurança pública para transferir para o Ministério Público Estadual representa, segundo especialistas, um contrassenso ao avanço qualitativo da segurança do estado.

“Tirar recursos da inteligência para investir em pagamento de benefícios corporativos é irracional e prejudica todo o ciclo da Justiça Criminal”, afirma Luciana Zaffalon, pesquisadora da área de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A decisão, publicada na sexta-feira (30) no Diário Oficial do Estado, prevê a retirada de R$ 2.275.000 de inteligência e outros R$ 2.275.000 de tecnologia da informação da Polícia Civil do Estado. Os recursos serão alocados para vantagens fixas com pessoal, obrigações patronais, indenizações, restituições trabalhistas, além aposentadoria, reserva remunerada e reformas.

O valor a ser transferido para o item “vencimentos e vantagens fixas – pessoal civil”, por exemplo, é de R$ 50.600. Indenizações e restituições trabalhistas somam R$ 4.932.064 e auxílio transporte, R$ 889.535.

A pesquisadora da FGV analisou, em 2015, a folha de pagamento dos membros do Ministério Público de São Paulo (promotores e procuradores), e verificou que o órgão recebeu mais de R$ 216 milhões de suplementação orçamentária, sendo que o gasto com complementações remuneratórias foi de mais de R$ 420 milhões.

Na pesquisa, ela revelou ainda que 97% dos membros de carreira do MP-SP recebia acima do teto constitucional em função de indenizações e restituições trabalhistas. “A necessidade de deslocamento de recursos está diretamente ligada à manutenção de padrões remuneratórios e benefícios institucionais fora dos patamares”, diz Luciana.

Além da Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros também serão impactos pela transferência de recursos. No caso da Polícia Militar de São Paulo R$ 63.289.100 serão realocados, sendo R$ 7.989.100 de obras e instalações e R$ 55.300.000 de equipamentos e material permanente.

“Tirar recursos da base para remunerar uma parcela que já é bem remunerada é uma incoerência quando pensamos na racionalidade do funcionamento de todo o Sistema de Justiça Criminal”, diz a pesquisadora.

No caso do Corpo de Bombeiros, serão R$ 3.150.000 a menos, que iriam para equipamentos e material permanente. Também foram congelados R$ 6.285.900 da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, sendo R$ 2.730.000 de obras e instalações e R$ 3.555.900 de despesas com tecnologia da informação.

Matéria: R7

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