A Policia Federal deflagrou nesta manhã a 10ª etapa da Operação Zelotes para investigar suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo conselheiros e ex-conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o ex-secretário de Comércio Exterior no governo Dilma Rousseff, Daniel Godinho e o empresário e economista Roberto Giannetti da Fonseca, ligado ao PSDB e aos pré-candidatos do partido à Presidência, Geraldo Alckmin, e ao governo do estado de São Paulo, João Doria.
No total são 11 mandados de busca contra sete pessoas físicas e duas jurídicas nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, além do DF. Dentre os alvos das buscas estão Giannetti e sua empresa, a Kaduna Consultoria. Quebras de sigilo bancário revelaram que sua empresa recebeu um total de R$ 8 milhões de uma companhia que conseguiu se livrar de débitos tributários no Carf e teria repartido os valores igualmente entre ele, uma então conselheira do Carf e um advogado que atuou no caso.
Com isso, descontados os impostos, cada um dos investigados ficou com R$ 2,2 milhões. No caso de Giannetti, a suspeita é de que ele teria recebido os R$ 2,2 milhões para atuar junto ao governo federal, via Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Além de centralizar o recebimento e a distribuição dos recursos por meio da Kaduna, os investigadores apuram se o empresário teria atuado junto ao governo federal para que a Procuradoria da Fazenda desistisse de cobrar os débitos da Paranapanema. Na outra ponta, a então conselheira Meigan Sacks e o advogado Vladimir Spíndola, já investigados em outras etapas da Zelotes, teriam atuado para interferir no processo da empresa Paranapanema no Carf.
O economista foi um dos cotados para coordenar a área econômica da campanha de Alckmin à presidência, mas o tucano optou por Pérsio Arida. Embora tenha atuado como conselheiro do tucano, ele não participa de nenhum grupo do plano de governo de Alckmin, segundo a campanha. Em maio, Alckmin anunciou que, além de Pérsio, fazem parte de seu núcleo econômico Edmar Bacha, José Roberto Mendonça de Barros e Alexandre Mendonça de Barros.
Giannetti também é ligado a Doria. Em setembro de 2016, quando o tucano se licenciou de suas empresas para concorrer à prefeitura de São Paulo, o economista assumiu o posto de vice-chairman do Lide, empresa que organiza eventos com líderes empresarias e setores do governo.
O nome de Roberto Giannetti entrou no radar da operação nas investigações internas da própria Receita Federal e quebras de sigilo de e-mails e telefones autorizadas pela Justiça Federal. Ex-secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior durante o governo Fernando Henrique, Giannetti tem experiência na área de comércio internacional e é presidente da Kaduna Consultoria, que assessora empresas. A Kaduna foi contratada pela Paranapanema, que atua no refino de cobre e na produção de fios, barras e outros produtos a partir do metal, justamente quando ela enfrentava um processo no Carf sobre impostos cobrados na importação de insumos utilizados para produtos a serem exportados.
A empresa conseguiu uma decisão favorável do Carf que foi publicada no dia 5 de junho de 2014 e a livrou de pagar cerca de R$ 650 milhões, em valores atualizados, que a Receita vinha cobrando relativos à importação de insumos. Da decisão ainda cabia recurso da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que representa a União e poderia insistir na cobrança da empresa nas instâncias superiores.
Fonte: O Globo