A fonte anônima responsável pelo vazamento dos Panama Papers se pronunciou pela primeira vez desde a revelação dos documentos, no início de abril. Os dados revelaram informações sobre o funcionamento de empresas em paraísos fiscais e quantias enormes de dinheiro pertencentes a políticos, empresários, jogadores de futebol e famosos do mundo todo, inclusive do Brasil.
Em uma declaração divulgada na sexta-feira (6), a fonte, apelidada de “John Doe” (nome geralmente usado para preservar a identidade de uma pessoa), ofereceu ajuda às autoridades que investigam os casos desde que os denunciantes “tenham imunidade contra represálias dos governos”. “Eu estou disposto a cooperar com a aplicação da lei até onde for capaz”, escreveu.
No texto, o qual a fonte chamou de seu “manifesto”, “John Doe” criticou a inércia política, da Justiça e dos meios de comunicação diante dos paraísos fiscais. Ele ainda afirmou que “a próxima revolução será digital”, se referindo à ideia de que a internet pode combater o acesso desigual à informação, problema que, segundo ele, é a chave de um sistema capitalista distorcido “que se aproxima de uma escravidão econômica”.
“John Doe” não deu pistas sobre a sua identidade, limitando-se a dizer que “não trabalha nem nunca trabalhou para um governo ou serviço de inteligência, seja diretamente ou como consultor”. Segundo ele, a decisão de revelar os documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca foi tomada porque ele percebeu “a magnitude das injustiças” provocadas pela corrupção.
A fonte acusa Mossack Fonseca de usar “sua influência para escrever e torcer as leis em todo o mundo em favor dos interesses criminais por décadas”. “Por 50 anos, os ramos executivo, legislativo e judiciário do poder em todo o mundo falharam completamente em tratar as metástases dos paraísos fiscais, atingindo cidadãos de baixa e média renda, e não os ricos”, escreveu.
Os vazamentos incluem 11,5 milhões de documentos de quase quatro décadas da Mossack Fonseca, especializada em criar e gerir empresas em paraísos fiscais, com informação de mais de 214.000 offshores em duas centenas de países e territórios. As informações foram passadas para o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), em parceria com 109 veículos de imprensa de 76 países.
O vazamento desencadeou a abertura de muitas investigações em todo o mundo e levaram o primeiro-ministro islandês e um ministro espanhol a renunciar.
Fonte: Veja