A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma série de pedidos de abertura de inquéritos com base na delação premiada do senador Delcídio do Amaral.
Entre os alvos dos pedidos de investigação estão o presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, sendo os dois últimos do PMDB.
Cabe agora ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF, decidir se autoriza ou não a abertura dos inquéritos, solicitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em março, Zavascki homologou o acordo de delação premiada de Delcídio firmado com a PGR, de modo a colaborar com as investigações da operação. Na ocasião, o ministro retirou o sigilo do processo e divulgou a íntegra dos depoimentos.
Aécio Neves
De acordo com a delação do senador, Aécio era um dos políticos beneficiados de um esquema de corrupção na estatal Furnas, semelhante ao descoberto na Petrobras. Delcídio também citou uma fundação no paraíso fiscal de Liechtenstein da qual Aécio seria o beneficiário.
A assessoria de imprensa de Aécio negou a acusação nesta segunda-feira, por meio de nota oficial, mas disse que o senador considera as investigações “necessárias”, pois vão demonstrar “a correção da sua conduta”.
Eduardo Cunha
Sobre Cunha, Delcídio relatou que o deputado também tinha pessoas indicadas em Furnas. “Este procedimento de fazer requerimentos e usar expedientes parlamentares é muito comum de Eduardo Cunha”, diz um trecho do depoimento.
O pedido de inquérito aponta que Cunha alterou a legislação do setor energético, em 2007 e 2008, em benefício próprio. Segundo Janot, o presidente da Câmara “vem utilizando seu cargo para interesse próprio e fins ilícitos”, diz nota da PGR.
Cúpula do PMDB
Outra investigação solicitada por Janot diz respeito aos senadores do PMDB Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA), Valdir Raupp (RO) e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado. A suspeita é de que eles tenham recebido propina em contratos da hidrelétrica de Belo Monte.
Por meio de sua assessoria, Renan declarou que as acusações de Delcídio “não passam de delírio”.
Marco Maia e Vital do Rêgo
A delação também afirmou que o deputado federal Marco Maia, ex-colega de Delcídio no PT, e o ex-deputado do PMDB Vital do Rêgo cobravam propina para barrar investigações contra empreiteiros envolvidos na Lava Jato.
Maia declarou, em nota nesta segunda-feira, que a investigação irá mostrar que ele é “vítima de uma mentira deslavada e descabida”. O petista considerou as acusações como “ilações”. Vital do Rêgo repudiou, também em nota, o que chamou de “ilações desprovidas de qualquer verossimilhança”.
A prisão de Delcídio
Delcídio, ex-líder do governo no Senado, foi preso em novembro do ano passado acusado de tentar obstruir os trabalhos da Lava Jato. Ele foi flagrado em uma gravação oferecendo dinheiro, influência junto ao Judiciário e até uma rota de fuga para favorecer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró em troca do silêncio nas investigações.
O parlamentar foi solto em fevereiro e fechou acordo de delação premiada com os procuradores da Lava Jato, em que fez acusações a vários políticos, entre eles a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fonte: DW