O setor público brasileiro consolidado (União, estados e municípios) registrou déficit primário de 10,64 bilhões de reais em março, pior resultado para o mês desde 2001, quando começa a série do Banco Central. Assim, o primeiro trimestre terminou com rombo de 5,77 bilhões de reais.
Os ganhos cambiais com a queda do dólar em relação ao real em contrapartida, reduziram significativamente o rombo nominal no mês passado, segundo o BC. Em março, a conta de juros ficou positiva em 648 milhões de reais pela primeira vez na série histórica, na esteira da queda de 10,17% do dólar no primeiro trimestre e do resultado favorável de 42,69 bilhões de reais com as operações de swap cambiais.
Dados preliminares do BC sobre abril, até o dia 22, mostram ganhos com swaps de 9,351 bilhões de reais. Swaps cambiais são contratos que equivalem à compra ou venda futura de dólares.
Com isso, o déficit nominal - receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros da dívida - do setor público ficou em 9,99 bilhões de reais em março, bem menor que o rombo de 69,24 bilhões de reais de igual mês de 2015.
'Não é tendência' - "Estávamos acostumados a ver no ano passado perda muito grande de swaps para o Banco Central. O que aconteceu agora foi um efeito simétrico disso", afirmou o chefe-adjunto do departamento Econômico do BC, Fernando Rocha. Ele acrescentou, no entanto, não se tratar de uma tendência. "Não se deve esperar que existam receitas liquidas de juros nos próximos meses", acrescentou.
Só em março, o governo central (governo federal, BC e INSS) teve déficit primário de 8,94 bilhões de reais, acumulando no trimestre saldo negativo de 14,47 bilhões de reais. O saldo também ficou negativo para governos regionais (Estados e municípios), em 893 milhões de reais, em março, mas no trimestre eles acumularam saldo positivo de 9,81 bilhões de reais na economia feita para pagamento de juros da dívida.
O governo já pediu aval ao Congresso Nacional para o setor público registrar déficit primário de até 96,05 bilhões de reais neste ano. Se confirmado, será o terceiro rombo primário consecutivo do Brasil. O desarranjo no fronte fiscal tem impacto direto sobre a dívida pública.
Em março, informou ainda o BC, a dívida líquida atingiu 38,9% do PIB, acima dos 36,8% no mês anterior. Já a dívida bruta caiu de 67,6% do PIB em fevereiro para 67,3% em março.
Fonte: Veja