Uma mulher foi enterrada viva ao tentar impedir a demolição de uma igreja em Zhumadian, na província de Henan, na China. Ding Cuim e o seu marido, o reverendo Li Jiangong, colocaram-se diante dos tratores que se preparavam para derrubar o templo. Os dois foram empurrados para dentro de uma vala pelos funcionários, que seguiram o trabalho. Li Jiangong conseguiu cavar um caminho até a superfície, mas infelizmente não foi capaz de salvar sua mulher, que morreu asfixiada.
“Vou ser responsável por suas vidas”, disse um membro da equipe de demolição antes de empurrá-los, de acordo com o site China Aid, grupo de direitos humanos com sede nos EUA. A organização, sem fins lucrativos, é focada na liberdade religiosa do país mais populoso do mundo.
Os dois homens responsáveis pela morte foram detidos na noite após o incidente. O reverendo Li Jiangong foi supostamente avisado para não discutir o caso, e não se manifestou sobre a morte da mulher com a imprensa.
O crime ressalta a crescente perseguição do governo chinês às minorias religiosas. Milhares de igrejas em todo o país foram demolidas no ano passado, e dezenas de pastores foram presos sob acusações forjadas de corrupção, de acordo com militantes que monitoram a situação.
David Curry, presidente e CEO da organização Portas Abertas, nos EUA, disse ao site da Fox News que o governo chinês parece determinado a reduzir o perfil da igreja, e força os pastores a se reunirem semanalmente com as autoridades locais para explicar seus sermões.
Segundo a AFP, o presidente do país, Xi Jinping, afirmou em uma reunião que as organizações religiosas chinesas devem obedecer ao Partido Comunista.
“Os grupos religiosos devem aderir à liderança do Partido Comunista da China”, disse Xi a altos funcionários do partido único em uma conferência de dois dias que terminou no sábado, segundo a agência de notícias “Xinhua”.
Na China, vivem centenas de milhões de budistas, cristãos e muçulmanos. Enquanto deseja guiar estes grupos, o Partido Comunista reprime organizações religiosas não oficiais. Desde que Xi Jinping chegou ao poder em 2012, o governo adotou uma linha mais dura a respeito da sociedade civil e das religiões.
Na província de Zhejiang, na região leste do país, as autoridades demoliram várias igrejas e retiraram crucifixos nos últimos anos. A iniciativa afetou centenas de paróquias, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.
Já em Xinjiang, região chinesa de maioria muçulmana, fontes locais afirmam que o controle está mais rígido sobre a prática do jejum durante o mês do Ramadã.
O governo chinês afirma que os cidadãos gozam de liberdade de culto, mas que existe uma ameaça terrorista em Xinjiang por conta da presença de extremistas islâmicos.
Nos anos 1970, Pequim desistiu de erradicar a religião organizada e optou por controlar a prática religiosa através dos templos, igrejas e mesquitas autorizados. Estas instituições propagam um discurso que mistura teologia com a retórica comunista.
Fonte: Extra