A batalha dos bastidores: Dilma e Temer lançam ofensiva final por votos
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Publicado em 17/04/2016

Ao invés de se isolar em São Paulo, de onde pretendia acompanhar a votação do impeachment, o vice-presidente Michel Temer voltou neste sábado a Brasília para retomar as articulações pela aprovação do processo contra a presidente Dilma Rousseff. A decisão se deu após integrantes do governo ventilarem que o Planalto havia conseguido reverter votos pró-impeachment, numa tentativa de seduzir os indecisos. O vice passou o dia numa série de reuniões para tentar garantir a aprovação do impedimento da presidente. A menos de dois quilômetos dali, o ex-presidente Lula também recebia parlamentares em um hotel numa tentativa de reverter o quadro. No Palácio do Alvorada, a Dilma também recebia deputados. Resultado: a um dia da votação do impeachment, o Congresso esteve esvaziado - os parlamentares passaram o dia em reuniões fora dali.

Nos bastidores, parlamentares da oposição reconhecem que a ação de Lula pode ter custado alguns votos - motivo pelo qual aliados de Temer pediram que ele voltasse de São Paulo. Mas ainda garantem ter o número necessário para afastar a presidente. O esforço governista se dá para convencer parlamentares a se absterem de votar ou a se ausentarem da sessão de domingo - para passar, o impeachment precisa dos votos de 2/3 dos deputados. Abstenções e ausências, portanto, beneficiam o governo. O clima no governo, contudo, é pessimista.

Oficialmente articuladores do governo não jogaram a toalha em relação a domingo, mas já preveem como deve ser o enfrentamento do processo de impeachment no Senado. A estratégia é, se não conseguir os 172 apoios necessários - entre votos, ausências e abstenções - para enterrar o caso na Câmara, que pelo menos a derrota não seja acachapante. Um placar ainda que desfavorável mas próximo aos 172 é, na avaliação de governistas, uma tentativa razoável de argumento para convencer senadores e não aceitar o mérito da denúncia contra Dilma por crime de responsabilidade. Caso o processo de impeachment chegue ao Senado, a tendência é que o peemedebista Eunício Oliveira (CE) assuma a relatoria.

O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR) foi um dos mais atuantes nas negociações pró-Temer. Ele classificou como "boatos" a suposta ampliação de votos que o governo conquistou contra o impeachment. "A verdade é superior a qualquer boato. Então amanhã vamos ver os votos necessários para o Brasil avançar e mudar", disse, acrescentando que o partido está tranquilo e firme. Sobre o movimento classificado como "nem-nem", de deputados que se absteriam de votar para não favorecer nem Dilma, nem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ele foi taxativo: "Não será nem Dilma, nem Cunha, será Temer". Jucá acrescentou que quem "ganhar terá de ter grandeza para administrar e quem souber perder terá de ter grandeza para saber perder".

A romaria dos deputados também contou com a presença de André Fufuca (PP-MA). A jornalistas, ele se diz confiante na aprovação do impeachment e disse que o que dá pra fazer a menos de 24 horas da votação é "trabalhar para manter o que tem". Segundo a última apuração da oposição, os votos pró-impeachment somam 367, um total de 25 a mais do que o necessário para o processo seguir para o Senado. "Estamos num debate bem aprofundado. Temos as pessoas que são a favor do país e estamos confiantes que elas irão até o final seguir o caminho correto", acrescentou o parlamentar.

Também convicto na aprovação do impeachment, o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) disse que, como se trata de uma "eleição", está trabalhando até o último minuto. "O 'já ganhou' é primo-irmão do 'já-perdeu', então precisa de ter todo o trabalho e respeito aos deputados, discutindo cada detalhe, como cada um deles, conferindo todos os Estados e listas até a hora da votação". Outros nomes que passaram pela portaria do Jaburu foram os dos deputados Carlos Bezerra (PMDB-MT), Pauderney Avelino (DEM-AM), Baleia Rossi (PMDB-SP), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Marcelo Aro (PHS-MG), além do vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade (PMDB).

Fonte: VEJA

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