No despacho em que autorizou a prorrogação do inquérito, Gilmar Mendes afirmou que o regimento interno do STF permite que os ministros da Corte concedam mais prazo aos investigadores quando solicitado e devidamente fundamentado pela autoridade policial ou pelo procurador-geral da República desde que apontadas as diligências que faltam ser concluídas.
"Defiro a prorrogação do prazo para a conclusão das investigações por sessenta dias", escreveu o relator do inquérito no Supremo.
Em março, quando Janot pediu autorização ao STF para ouvir Aécio sobre o caso, a assessoria do senador do PSDB afirmou, em nota, que ele é o "maior interessado" na apuração dos fatos porque, na avaliação dos assessores, o aprofundamento mostrará a correção dos atos do senador.
Segundo o Ministério Público Federal, o dinheiro desviado de Furnas era destinado ao financiamento de campanhas políticas e ao enriquecimento de agentes públicos, políticos, empresários e lobistas. As investigações apontam que o crime teria sido cometido entre 2000 e 2008.
Em um dos trechos de sua delação premiada, Delcídio do Amaral relatou que, durante uma viagem com Luiz Inácio Lula da Silva em 2005, o ex-presidente da República questionou a ele quem era Toledo. O então senador apresentou o ex-dirigente de Furnas como “um companheiro do setor elétrico, muito competente”.
Ainda de acordo com Delcídio, Lula contou nesta mesma conversa que, no ano em que ele assumiu o comando do Palácio do Planalto, Aécio, o PT e o ex-deputado José Janene (PP-PR) – que morreu em 2010 – pediram que Toledo permanecesse no cargo.
Em maio, ao depor ao MPF, Aécio alegou que “não indicou nenhum nome para participar do Ministério de Minas e Energia e nem de nenhuma empresa ou estatal do setor elétrico”.
O tucano disse aos procuradores da República que conheceu Dimas Toledo na segunda metade da década de 1990, quando ele já era diretor de Engenharia de Furnas. À época, conforme Aécio, se discutia compensações da estatal para os municípios mineiros afetados pelo lago de Furnas.
Aécio relatou, ainda, que não realizou nenhum tipo de pedido ou gestão, seja ao ex-presidente Lula, seja “a qualquer integrante de seu governo”, para que Dimas Toledo permanecesse a frente da diretoria.
O senador afirmou ao Ministério Público na ocasião que recebeu com “grande espanto” as acusações de Delcídio na delação premiada e acredita que se tratam de “represália” às críticas de Aécio à prisão do ex-senador sul-matogrossense, com quem ele disse manter uma “relação apenas protocolar.
Fonte: G1