O dólar voltou a ampliar a sua desvalorização ante o real nesta quarta-feira, 23, com novas pressões sobre as commodities, sobretudo o petróleo, e a expectativa de mais sanções do Ocidente à Rússia durante a viagem de Joe Biden à Europa. Por volta das 11h10, o câmbio registrava queda de 1,2%, a R$ 4,857. Caso feche neste patamar, será a cotação mais baixa em quase dois anos, quando fechou a R$ 4,854 em 8 de junho de 2020. A divisa chegou a tocar a mínima de R$ 4,855, enquanto a máxima não passou de R$ 4,922. A divisa norte-americana encerrou a véspera com queda de 0,6%, cotado a R$ 4,915, o menor valor em nove meses. Impactado pelo clima negativo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com alta de 0,5%, aos 177.870 pontos, após apresentar volatilidade e oscilar entre o campo positivo e o negativo. O pregão desta terça-feira, 22, fechou com avanço de 1%, aos 117.272 pontos.
Os investidores acompanham a agenda do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com líderes europeus durante um encontro em Bruxelas. Segundo o governo norte-americano, o grupo deve anunciar novas sanções à Rússia em resposta ao agravamento dos conflitos na Ucrânia. Os EUA já anunciaram embargo total ao petróleo produzido por Moscou, e no início dessa semana autoridades europeias afirmaram que estudam tomar medida semelhante. O temor de novas restrições ao abastecimento da commodity leva o preço do petróleo tipo Brent, usado como referência na maior parte do mercado global, registrar nova trajetória de alta, voltando ao patamar de US$ 120 nesta manhã.
A valorização das commodities atrai investidores estrangeiros para a Bolsa brasileira, predominantemente dominada por empresas ligadas à exploração energética e de minérios. O fluxo também é positivo pela escalada dos juros brasileiros, o que torna a renda fixa mais atrativa. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mostrou preocupação com a pressão inflacionária originada do confronto entre Rússia e Ucrânia, e com os impactos secundários do choque de preços das commodities. “As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente”, afirmou em ata divulgada nesta terça-feira para detalhar a subida dos juros de 10,75% para 11,75% ao ano, na semana passada. O colegiado afirmou que o conflito traz “mais incerteza e volatilidade” e recomenda que a “política monetária reaja aos impactos secundários” do choque de oferta em várias commodities. A autoridade monetária confirmou que deve fazer novo acréscimo de 1 ponto percentual no próximo encontro, entre os dias 3 e 4 de maio, elevando a Selic para 12,75% ao ano, e deixou aberta a possibilidade de ampliar o ciclo de alta de juros.
Matéria: Jovem Pan