Lula é indiciado pela PF por contratos de sobrinho em Angola
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Publicado em 05/10/2016

Conforme VEJA antecipou na última sexta-feira, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu sobrinho, Taiguara Rodrigues dos Santos, na Operação Janus. O inquérito, com mais de 250 páginas, foi entregue ontem ao Ministério Público Federal — que vai avaliar se oferecerá denúncia ou não contra o petista. A investigação mira em contratos milionários firmados entre a Odebrecht e a empresa Exergia Brasil, cujo sócio é  Taiguara Rodrigues dos Santos, para a realização de obras em Angola.

De acordo com o relatório da Polícia Federal, obtido por VEJA, há “indícios de vantagens auferidas pelo ex-presidente e seus familiares em decorrência de supostos serviços prestados”. No esquema delineado pelos investigadores, Lula atuava como “verdadeiro lobista da construtora Odebrecht”. Formalmente, a empreiteira contratava o ex-presidente para dar palestras em países da América Latina e da África, onde a empresa desenvolve projetos bilionários financiados pelo BNDES. Ao todo, Lula recebeu 7,6 milhões de reais da Odebrecht em sua empresa, a L.I.L.S., e em doações ao Instituto Lula. Nessas andanças pelo exterior, o ex-presidente se encontrava com chefes de estados e autoridades estrangeiras com os quais discutia assuntos do interesse da construtora, conforme revelam telegramas do Itamaraty analisados pelos investigadores. “Percebe-se, no contato de alguns telegramas, a atuação de Lula no intuito de beneficiar a construtora”, diz o relatório da PF.

Em algumas dessas viagens para o exterior, Lula foi acompanhado pelo ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar. Conforme VEJA revelou na última sexta-feira, o lobista da empreiteira, ao negociar seu acordo de delação, afirmou que Taiguara foi contratado pela Odebrecht a pedido de Lula, no mesmo ano em que o BNDES aprovou um financiamento para a empreiteira construir a hidrelétrica de Cambambe, em Angola. Foi nessa obra que Taiguara prestou serviço à construtora e recebeu 3,5 milhões de reais.

Dentre as provas utilizadas pela Polícia Federal em seu relatório, estão mensagens e documentos apreendidos pelos investigadores no computador de Taiguara. Conforme VEJA revelou, foi encontrado o seguinte diálogo no Whatsapp do sobrinho de Lula:


Taiguara: Hoje quando o HOMEM me ligou fiquei felizão

Taiguara: Mandei SMS e 05 segundos ele ligou

Taiguara: Quarta estarei com ele

 

(…)

Fábio Oktober: Mandou no direto dele?

Taiguara: No segurança

Taiguara: Que é o contato oficial. Aí ele falou: o que está acontecendo companheiro

Taiguara: Foi legal

Taiguara: Vai mexer todos os pauzinhos a teu favor

(…)

 Taiguara: A T7 vai bombar mais que a Exergia

 Taiguara: E o TIO dando empurrãozinho

Taiguara: O Tio hoje preocupado com Cuba, se vira ou não vira…, ele é foda…

Taiguara: Não tem um cara igual a esse na minha vida…Ele me trata melhor que os filhos

 

Antes de virar parceiro de negócios da Odebrecht, Taiguara era dono de uma pequena vidraçaria. Transformado em empreiteiro de uma hora para a outra, comprou uma cobertura, enamorou-se por carrões e ostentou riqueza nas redes sociais. Na esteira das viagens internacionais do tio Lula, prospectou negócios na América Central e na África. Taiguara sempre negou qualquer favorecimento da Odebrecht. Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente. Funcionários do governo e executivos de empreiteiras costumavam identificá-lo como “o sobrinho do Lula”.

Fonte:Veja

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