O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, aceitou nesta quarta-feira a denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o mensaleiro Marcos Valério, o empresário Ronan Maria Pinto e mais seis investigados por lavagem de dinheiro. Todos os envolvidos foram alvos da Operação Carbono 14, desdobramento da Operação Lava Jato deflagrado em abril.
Na denúncia, o MPF apresenta Ronan Maria Pinto e os demais como responsáveis por lavar mais de 6 milhões reais. Segundo a Procuradoria, o empresário está entre os beneficiários da concessão de um empréstimo milionário do Banco Schain ao Partido dos Trabalhadores (PT). Ronan Maria Pinto foi preso na Operação Carbono 14.
Os investigados que passam a ser réus na Lava Jato são: Breno Altman, Delúbio Soares de Castro, Enivaldo Quadrado, Luiz Carlos Casante, Marcos Valério Fernandes de Souza, Natalino Bertin, Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, Ronan Maria Pinto e Sandro Tordin.
Sobre o esquema investigado na Operação Carbono 14, que distribuiu parte do dinheiro proveniente do empréstimo fraudulento de cerca de 12 milhões de reais contraído pelo pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin, o MP aponta "uma série de atos de lavagem de dinheiro". Empresário do ramo de transportes de Santo André (SP), Ronan Maria Pinto foi o destinatário final de metade do dinheiro, que ele usou para comprar ações do jornal "Diário do Grande ABC". Ele é apontado pelo operador do mensalão, Marcos Valério, como detentor de segredos sobre um esquema de corrupção em Santo André e o assassinato do prefeito Celso Daniel (PT). No despacho em que autorizou a deflagração da Carbono 14, Sergio Moro afirmou que "é possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave".
O empréstimo nunca foi quitado por Bumlai, amigo íntimo do ex-presidente Lula, e acabou compensado, de acordo com as investigações da Lava Jato, por um contrato de 1,6 bilhão de dólares entre a empreiteira Schahin e a Petrobras para operação do navio-sonda Vitória 10.000.
Na mesma ação, Moro acolheu e arquivou a imputação de lavagem ao ex-ministro José Dirceu, ao pecuarista José Carlos Bumlai e aos empresários Milton e Salim Schahim "por terem mais de setenta anos, o que acarreta a redução pela metade do prazo prescricional e considerando a data do último fato delitivo, em 10/12/2004". Moro também autorizou a continuidade das investigações de Sílvio Pereira, ex-secretário geral do PT e do empresário Breno Fischberg.
Fonte: Veja