A Rússia disse nesta quinta-feira (22) que “não houve acordo” no Conselho de Segurança da ONU sobre um cessar-fogo de 30 dias na Síria para permitir a entrega de ajuda humanitária e evacuações médicas.
O embaixador russo, Vassily Nebenzia, apresentou modificações a um projeto de resolução que esteve em negociação por quase duas semanas, enquanto o governo da Síria continua sua forte ofensiva sobre o enclave rebelde da Guta Oriental.
Na reunião convocada por Moscou, o diplomata disse que a Suécia e o Kuwait – que apresentaram a proposta de resolução – solicitaram a votação do texto quando estavam “plenamente conscientes de que não há um acordo sobre o mesmo”. O Conselho de Segurança precisa alcançar um acordo “factível” sobre o cessar-fogo e não tomar uma decisão que possa ser “populista” e “distante da realidade”, disse Nebenzia.
Mais de 400 pessoas morreram desde domingo, quando o governo sírio iniciou uma poderosa ofensiva aérea em Guta Oriental.
O embaixador russo assinalou preocupações sobre as medidas para fazer cumprir o cessar-fogo e a entrega de ajuda humanitária. Depois anunciou que apresentaria propostas para modificar o processo de resolução.
Suécia e Kuwait apresentaram o rascunho da resolução em 9 de fevereiro, mas as negociações foram paralisadas, enquanto as forças sírias –apoiadas pela Rússia– aumentaram sua ofensiva. Estados Unidos, França e Reino Unido pediram ao Conselho para acelerar a votação.
A Rússia é aliada histórica da Síria e apoia o regime de Bashar Assad no atual conflito no país. As forças russas já realizaram diversos bombardeios contra áreas ocupadas por grupos jihadistas no país, principalmente contra o Estado Islâmico.
O Exército sírio tem sido fortemente criticado por sua atuação em Guta Oriental. A região é o último reduto controlado pelos rebeldes perto da capital do país, porém a ofensiva das forças de Bashar Assad tem feito muitas vítimas civis, apesar das constantes declarações do governo de Damasco garantindo que tem como alvo apenas militantes e grupos rebeldes.
Grupos de monitoramento e ONGs de direitos humanos denunciam irregularidades nos ataques do Exército sírio desde o início da guerra.
Fonte: Veja