Ministro do STF autoriza mais um inquérito sobre Renan Calheiros
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Publicado em 28/08/2017

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e autorizou abertura de inquérito para investigar o suposto envolvimento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com um esquema de corrupção que agia no fundo de pensão dos funcionários dos Correios, o Postalis. Barroso deu 60 dias para a Polícia Federal (PF) investigar o caso.

O parlamentar peemedebista é acusado de ligação com um esquema de compra de papéis de empresas de fachada que seriam administradas por Milton Lyra, apontado como operador político de senadores do PMDB e, segundo a PGR, “muito ligado ao senador Renan Calheiros”.

Ex-presidente do Senado, Renan já é alvo de denúncia na Lava Jato por suspeita de envolvimento com irregularidades na Petrobras e na Transpetro, subsidiária da estatal do petróleo. Ao todo, ele responde a 17 inquéritos no Supremo, sendo 13 na Lava Jato.

No despacho no qual autorizou o Ministério Público a investigar as acusações contra o senador alagoano, Barroso afirmou que algumas das operações feitas por Milton Lyra no Postalis consistiam na criação de empresas com o objetivo de emitir debêntures que seriam integralmente adquiridas pelo fundo de pensão dos servidores dos Correios.

De acordo com o ministro do STF, as investigações preliminares apontam que Milton Lyra e um sócio dele, Arthur Machado, chegaram a captar R$ 570 milhões do Postalis em investimentos que, como afirma o Ministério Público, “nunca saíram do papel”.

Por meio de sua assessoria, Milton Lyra afirmou que “não é e nunca foi intermediário do repasse de qualquer quantia a congressistas”.

“O empresário jamais teve qualquer tipo de negócio com o fundo Postalis e tampouco é verdadeira a afirmação de que ele seja gestor de “empresas de fachada”. Milton Lyra é o principal interessado na conclusão das investigações, para o que colabora integralmente no esclarecimento das falsas acusações, como essas, das quais tem sido vítima”, acrescentou a assessoria.

Troca de relator

Inicialmente, a investigação do Postalis estava sob a relatoria do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Suprema Corte. No entanto, o próprio Fachin pediu que o caso fosse redistribuído para outro magistrado do tribunal, alegando que a suspeita não tinha relação direta com o esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Diante do pedido de Fachin, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, determinou a realização de um sorteio para definir um novo relator. O sistema eletrônico do tribunal, então, encaminhou o pedido de abertura de inquérito para o gabinete de Barroso.

Delatores

Segundo a Procuradoria Geral da República, ao menos, dois delatores da Lava Jato relataram a suposta influência de Renan Calheiros sobre o fundo de pensão dos funcionários dos Correios.

Ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado, o senador cassado Delcídio do Amaral afirmou aos investigadores, em sua delação premiada, que Milton Lyra era o operador de diversos políticos do PMDB e que tinha influência no Postalis.

Ainda conforme Delcídio, Lyra era “um dos poucos interlocutores” de Renan. O ex-senador disse à PGR que o parlamentar de Alagoas é “muito cuidadoso em suas articulações” e nelas sempre “se serve de terceiras pessoas”.

Em seu despacho, Luís Roberto Barroso também destacou que o doleiro Alberto Youssef, outro delator da Lava Jato, também confirmou aos procuradores da República a influência que Renan exercia no Postalis.

O doleiro disse ao Ministério Público que ele próprio chegou a vender debêntures para outros fundos de pensão, mas, quando quis oferecê-las para o Postalis, teria “ouvido dizer no mercado” que teria de conversar com o senador do PMDB. Segundo o doleiro, esse teria sido o motivo pelo qual ele tentava agendar uma reunião com o peemedebista na semana em que foi preso, em março de 2014.

Fonte: G1

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